Japoneses quem imigraram para São Joaquim são homenageados na ALESC

A primeira leva de imigrantes japoneses chegou ao Brasil, pelo Porto de Santos, no dia 18 de junho de 1908, no navio Kasato Maru. Para celebrar os 110 anos da imigração japonesa no país, a Assembleia Legislativa promoveu, na noite de terça-feira (19), sessão especial realizada no Plenário Osni Régis. A solenidade foi convocada por proposição do deputado João Amin (PP).

 

Após 45 dias no mar, os japoneses desembarcaram no Brasil trazendo tradições, valores e vontade de trabalhar, conforme destacou o proponente da solenidade. Em Santa Catarina existem sete colônias nipônicas, nos municípios de Curitibanos, Frei Rogério, São Joaquim, Lages, Joinville, Florianópolis e Caçador.

 

João Amin relatou que, inicialmente, a vinda de imigrantes japoneses para o Brasil foi motivada por interesses dos dois países, já que o Brasil precisava de trabalhadores rurais e o Japão passava por uma transformação, em função da industrialização. “Dificuldades como o clima, a língua e as condições de trabalho provocaram nesses imigrantes uma certa desilusão. Contudo, o fluxo de imigrantes continou.” Em 1977 o número de descendentes japoneses já era superior a 750 mil famílias.

 

Os agricultores japoneses deram contribuições não apenas para a cafeicultura, mas também para a introdução de outros alimentos, como o cultivo de chá, legumes e frutas, acrescentou o deputado. “A colônia japonesa continua dando sua contribuição na área agrícola, mas hoje seus descendentes são destaques em diversas áreas e profissões”, destacou. A população japonesa e seus descendentes compõem uma população superior a 1,5 milhão de pessoas no Brasil atualmente.

 

Experiência

Falando em nome dos homenageados, o produtor agrícola Fumio Hiragami relatou que veio para o Brasil há mais de 40 anos para trabalhar e considera Santa Catarina sua terra natal. “Nossa vida foi feita aqui.” Maior produtor rural japonês no mundo, ele cultiva mais de 300 hectares de frutas, especialmente maçã, e lamentou que a maçã fuji cultivada na Serra catarinense não possa ser exportada para o Japão. “A maçã fuji produzida na Serra tem sabor melhor que a fuji produzida no Japão, em função do clima”, orgulha-se o produtor.

 

Hiragami relatou que os japoneses foram motivo de piada quando iniciaram o projeto de plantio de maçã em Frei Rogério, mediante financiamento contraído com a Cooperativa Agrícola Cotia. “Os brasileiros riam. Diziam: ‘nessa terra não vai dar maçã, só tem pedra’”, recordou-se Hiragami. Como resultado do esforço e da perseverança dos pioneiros, hoje há mais de 1,5 mil produtores de frutas naquela região.

 

Em relação à resistência japonesa para abrir mercado às frutas cultivadas no Brasil, o cônsul-geral do Japão em Curitiba, Hajime Kimura, disse que o protecionismo se justifica porque a maçã fuji do Brasil é tão boa que se o Japão importasse o produto acabaria com a produção nacional. Conforme Kimura, o Japão é um grande importador de alimentos, pois produz apenas 40% do que consome, já que 75% de sua terra é montanhosa. “O mercado para a manga brasileira está aberto, mas levou mais de 30 anos para conseguirmos essa abertura”, informou. De Santa Catarina, o país importa carne suína.

 

Kimura finalizou afirmando que “ao longo de toda a trajetória desses 110 anos, os japoneses contribuíram muito para o desenvolvimento do Brasil. Estamos muito orgulhosos”.

 

Comemorações

As celebrações em comemoração aos 110 anos da imigração japonesa prosseguirão até o final do ano. A cerimônia oficial da Região Sul ocorrerá no dia 20 de julho, em Maringá (PR).

 

No dia 21 de julho, a festa dos imigrantes será realizada em Lages, no Parque Jonas Ramos.

 

Homenageados:

 

Hajime Kimura – Cônsul-Geral do Japão em Curitiba

Elidio Yocikazu Sinzato – Federação das Associações Nikkeys de Santa Catarina (Fansc)

Elina Hideko Onaka – Aliança Cultural Brasil Japão de Núcleo Celso Ramos

Makoto Umemiya  – Associação Cultural Esportiva São Joaquim

Toshihiko Mochizuki – Associação Cultural Esportiva de Caçador

Roxana Shinohara – Associação Nipo Catarinense

Takashi Chonan  – Associação Cultural Esportiva de Curitibanos

Gilberto Massashi – Associação Cultural Nipo Brasileira de Lages

Marcos Minoru Okada – Associação Nipo Brasileira de Itajaí (ANBI)

Mario Sato – Aliança Cultural Brasil Japão de Joinville (ACBJJ)

Maro Jinbo – Associação Nipo Brasileira de Chapecó

Wataru Ogawa

Fumio Hiragami

Fernando Takasugi e Olga Takasugi

Yukio Otake

Fumio Sato

Atsushi Tsutsui

Mario Shinki

Adhemar Kazuro Ogawa – Associação das Vítimas e seus Descendentes de Explosão de Bombas Atômicas

Maria Valderiza Almeida de Morais – Associação Wakamiyamaru Ilha de Santa Catarina

Masato Takashika – Cooperativa Sanjo

Noêmia Ogasawara Yuki, Celiane Sumire e Luana Misato da Silva – Departamento Cultural ANC – Grupo Shimadaiko

Ricardo Kazama e Ralph Rodrigues de Oliveira – Departamento Esportivo ANC – Equipe Softbol e Beisebol Floripa Ichiban

Karina Yumi Yoshida – Grupo Shyuidaiko

Masayoshi Takizawa (in memoriam)

Teruji Sumida (in memoriam)

Lisandrea Costa

AGÊNCIA AL