Confira a entrevista do CL+ com Humerto Brighenti

Um turismo integrado entre todos os municípios da Serra Catarinense é a solução para que o setor se desenvolva. Ações estão sendo tomadas para que questões como infraestrutura, profissionalismo e organização sejam resolvidas. Para o prefeito de São Joaquim, Humberto Brighenti, a cidade ficou muito tempo focada na cultura da maçã e deixou o turismo de lado.

 

 

 

Correio Lageano: O senhor disse em público para prefeitos da região que é um defensor de um turismo integrado entre os municípios da Serra. O que o senhor já fez em relação ao assunto?

Humberto Brighenti: Nós fizemos algumas reuniões em São Joaquim, inclusive com a presença da Santur e do secretário estadual de turismo. Discutimos o plano de desenvolvimento do turismo integrado na Serra Catarinense. Nesse primeiro momento cada município está fazendo o seu diagnóstico. Dentro da Secretaria de Desenvolvimento Regional existe a ideia de começarmos um plano de turismo integrado na região.

 

 

 

 

CL: Os prefeitos estão dispostos  a fazer essa integração?

Humberto Brighenti:Todos os prefeitos que a gente conversa têm plena consciência que nós temos que trabalhar integrados. Porque cada município tem a sua potencialidade e se nós justarmos tudo, poderemos oferecer um grande produto. Então existe a consciência de cada um dos colegas prefeitos, que mais do que nunca nós temos que trabalhar de forma organizada e sistêmica, dentro de um projeto regional.

 

 

 

 

CL: A Serra tem belezas naturais, clima propício, apesar disso, ainda engatinha no turismo. O que falta para o setor se desenvolver?

Humberto Brighenti:Faltam algumas questões. Na infraestrutura ainda estamos muito precários. Turismo é uma coisa que é diferente de você fazer um investimento na indústria, por exemplo, que você compra uma área industrial, coloca água, luz e esgoto e está resolvido. No turismo você tem que ter pelo menos saneamento básico. Empresário nenhum investe em turismo se você não tem o saneamento básico, e nisso, infelizmente, a nossa região é precária. O aeroporto Regional de São Joaquim está com um problema com a Fatma. Tudo está pronto e falta a licença ambiental para que possamos utiliza-lo.

 

 

 

CL:Falta organização do setor?

Humberto Brighenti:Falta profissionalismo. Nós já mostramos que se a gente se organizar e se profissionalizar dá certo, a exemplo da maçã. Hoje São Joaquim é o maior produtor de maçã do Estado e o segundo maior do Brasil, porque o setor se organizou. Outro exemplo é o vinho. Os vinhos finos de altitude estão ganhando prêmios nas grandes feiras do Brasil e do mundo por que também estão se organizando. Mas infelizmente o setor que não se organiza é o de turismo. Não adianta a gente ter investimento se não houver profissionalização e organização dos próprios interessados. Nós como administradores públicos temos que fazer com que a pessoas entendam que se não for profissional o turismo não se desenvolve.

 

 

 

 

CL:São Joaquim tem visibilidade nacional com o frio, há 30 anos, mas a evolução desde então foi mínima, por que? E como o senhor pretende fazer a diferença?

Humberto Brighenti:Eu estou atacando três frentes. Primeiro a questão de infraestrutura da cidade. São Joaquim tem nome, tem mídia, tem produto, tem uma beleza cênica, mas a cidade em si, os meus antecessores não souberam conduzir a cidade. Ela ficou desleixada, suja, esburacada, e nós não podemos fugir da realidade. O meu projeto é mudar a fisionomia de São Joaquim, a cidade é bonita, mas está maltratada. Nós temos um projeto de revitalização urbana e paisagista da cidade. Estamos reestudando o Plano Diretor, fazendo algumas adaptações. Começamos pelo centro, estamos organizando e motivando a comunidade que participe. Se a cidade também não está bonita é porque as pessoas também não estão contribuindo com isso. Se todos pintarem a sua casa, arrumar a calçada, a cidade vai melhorar.

 

 

 

 

CL: Os joaquinenses sentem que o turismo é importante e fazem a diferença para a cidade?

Humberto Brighenti:Eles ainda não acreditam que o turismo pode ser o grande negócio de São Joaquim. Eu tenho falado cada vez que encontro com a comunidade e nas reuniões que nós temos que ter uma nova alternativa econômica. A maçã chegou no auge do seu ciclo, ela está estabilizada. É uma cultura que depende do clima e isso você não controla e nós não podemos depender somente dessa atividade econômica.

 

 

 

CL: O que falta para São Joaquim desenvolver o turismo como Gramado/RS, sendo que aqui tem mais belezas naturais?

Humberto Brighenti:Gramado acreditou que o turismo poderia ser a grande redenção e foi, eles se profissionalizaram e investiram. Nós ficamos muito tempo somente focados na cultura da maçã. Praticamente nos último 40 anos da história econômica de São Joaquim, ficamos voltamos exclusivamente  para a maçã e perdemos a atenção em outras coisas, enquanto isso os outros municípios foram andando a exemplo de Urubici, Bom Jardim e Urupema. Hoje você vê a sociedade joaquinense preocupada em recuperar aquilo que perdeu e o dinheiro que deixou de ganhar. Vejo um grande empenho de todo mundo para fazer o turismo se desenvolver.

 

 

 

 

Foto:Silviane Mannrcih